Além de eficiente, o TIP é uma estratégia flexível e sustentável, que permite acelerar o sistema de produção pecuária e aumentar a rentabilidade do produtor.
“Uma tecnologia que funciona”. Esta é a principal conclusão dos pecuaristas sobre o TIP (terminação pastagem intensiva), que vem ganhando adeptos em todo o país, como demonstra este projeto temático realizado pela DBO ao longo de 2019, em parceria com a Agroceres Multimix, e que termina neste mês de fevereiro.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!“Nosso balanço do TIP é muito positivo e podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que é uma ferramenta de intensificação muito eficiente, além de flexível, adaptando-se a diversas realidades regionais”, ressalta Matheus Moretti, gerente técnico de pecuária de corte da Agroceres.
Pastagens
As reportagens desta série mostraram como os produtores estão conseguindo obter ganhos de mais de 1 kg de carcaça/cabine/dia no pasto, tanto em condições secas quanto úmidas, e aumentar o número de animais abatidos, sem grandes investimentos em instalações.
Em muitos casos, a taxa de aproveitamento pode chegar a 100%, ou seja, todos os animais produzidos ou adquiridos vão para o gancho frigorífico no mesmo ano, principalmente quando o TIP é combinado com a criação intensiva.
Fazendas bem estruturadas já conseguem lucrar mais de R$ 1.000/ha com a tecnologia, uma excelente rentabilidade para a pecuária de corte.
Além disso, os animais são mantidos sempre em pastagens, o que garante um maior nível de bem-estar. “Trata-se de um sistema totalmente alinhado às tendências atuais da pecuária sustentável, que combina aumento de produtividade com respeito ao meio ambiente”, enfatiza Moretti. Veja abaixo os 10 principais passos para adoção do TIP na fazenda:
1) Primeiramente, é necessário estruturar a área de pastagem onde serão tratados os lotes. O ideal é montar piquetes de médio porte, com dimensões entre 15 e 30 ha, para grupos de 90 a 150 bovinos em terminação.
2) Dependendo da oferta de forragem e da quantidade de ração fornecida, podem ser obtidas lotações de 5 a 6 UA/ha na estação seca e até 10 UA/ha na estação chuvosa.
3) O ideal é que os piquetes tenham bebedouros artificiais, de preferência com alto fluxo de água, para facilitar sua limpeza. Devem estar a uma distância de 80 a 100 metros dos cochos, para que os animais não sujem muito a água com comida.
4) Quando o suplemento é fornecido à vontade, é possível trabalhar com 6 a 8 animais por metro linear de cocho, mas, em caso de fornecimento específico, esse número deve ser reduzido, para garantir que os animais consumam a quantidade estipulada de Comida. Para 2% do peso vivo na ração, por exemplo, a indicação é de 4 a 6 cabeças por metro linear de cocho.
5) Lembre-se que, na estação seca, é necessário ter forragem disponível para o animal, por isso o pasto deve ser vedado previamente por 30 a 50 dias, adubando-o quando necessário. Esses procedimentos aumentam a oferta de capim, que funciona como volumoso da dieta. Recomenda-se também uma adubação no início das águas, para acelerar a brotação do capim.
Em geral, as aplicações de fertilizantes em TIP (terminação intensivo a pastagem) estão entre 90 e 120 kg de Nitrogênio/ha/ano, desde que não haja limitações na fertilidade do solo.
6) Apesar de simples, deve-se ter cuidado com a adaptação dos animais da mesma forma que em confinamento. Recomenda-se iniciar o fornecimento de ração na proporção de 1% do peso vivo do bovino, aumentando 0,25 percentil unidade a cada quatro dias.
Exemplo: se os novilhos entrarem nos piquetes pesando 400 kg, eles devem receber inicialmente 4 kg de ração e depois aumentar 1 kg a cada quatro dias. Antes de fazer essa adição, no entanto, avalie a condição corporal do gado e faça uma leitura do escore de fezes para verificar se ele está aceitando bem o novo alimento.
Se não, espere mais um ou dois dias antes de aumentar a ração novamente. Não aumente a quantidade administrada em intervalos inferiores a quatro dias.
7) Nas águas, é aconselhável usar cochos cobertos para evitar perda de ração. Um telhado de madeira, ferro e chapa galvanizada custa entre R$ 450 e R$ 500 por metro linear, um investimento que, diluído em cinco anos, não chega a R$ 2/@ ganhos.
8) A distribuição de ração pode ser feita com equipamentos adaptados ou com vagões de distribuição específicos para TIP, já disponíveis no mercado.
9) A ração fornecida no cocho é normalmente composta por milho moído, farelo de soja, uréia e caroço mineral, mas também podem ser utilizados subprodutos como casca de soja e caroço de algodão, entre outros. A fim de formular uma ração adequada às demandas dos animais em terminação você precisa pedir ajuda a um nutricionista.
Outro insumo que ganhou espaço no TIP é a silagem de grãos úmidos ou reidratados. Caso seja escolhido este tipo de insumo, a mistura de ração deve ser diária.
10) O TIP dura de 90 a 120 dias, dependendo da idade e peso dos animais. Se entrarem nos piquetes mais pesados (380 a 400 kg, por exemplo), podem ser feitos até três ciclos de engorda por ano.
O GMD (ganho médio diário) no terminação o pastejo intensivo é menor do que em confinamento, mas o rendimento de ganho (porcentagem do peso engordado efetivamente transformado em carcaça) é maior.
Segundo Matheus Moretti, não há mais dúvidas de que o TIP funciona, mas seu uso deve ser avaliado do ponto de vista econômico anualmente, como é feito com o confinamento.
Para facilitar essa análise, pode ser elaborada uma matriz de custos, que contribui para a tomada de decisão. A tabela publicada neste relatório mostra quanto o animal deve ganhar diariamente para pagar os custos do sistema, considerando um consumo de 8 kg de ração/táxi/dia, um custo operacional de R$ 1/táxi/dia e um ganho de renda de 70 %.
Se a arroba for R$ 200 e a ração R$ 0,80/táxi/dia, por exemplo, o animal precisará ganhar 793 g/táxi/dia para cobrir as despesas. Como o ganho médio diário no terminação pastagem intensiva normalmente varia de 1,2 a 1,4 kg/cab/dia, o produtor terá, nesta simulação, lucro entre 407 e 607 g/cab/dia, o que é excelente em termos de rentabilidade.
Este ano, há a perspectiva de uma dieta mais cara, pelo menos até junho/julho, quando teremos o milho safrinha. O stock de passagem deste cereal em 2019/2020 foi baixo face à procura nacional, o que pressiona os preços para cima. Segundo Moretti, o produtor precisa estar atento aos movimentos do mercado para adquirir insumos a preços mais atrativos.
“Uma boa estratégia, por exemplo, é comprar milho na entressafra, quando aumenta a oferta de grãos, e armazená-lo na fazenda. Também pode ser armazenado na forma de silagem úmida, antecipando o processo de moagem e aumentando sua digestibilidade. Neste caso, ressalto novamente, a mistura da ração deve ser feita diariamente”, explica Moretti.
“Quem adotou essa estratégia em 2019 terá custos de produção mais baixos no primeiro semestre de 2020”, acrescenta o técnico da Agroceres, ressaltando que outro produto que pode ser adquirido estrategicamente é o caroço de algodão.
A conclusão que tiramos deste ciclo de relatórios sobre o TIP é que ele é um grande vetor de transformação na fazenda. Quando a engorda é intensificada, todo o sistema de produção é puxado, levando-o a outro patamar.
Inicialmente, o estoque de novilhos mais velhos da fazenda é rapidamente consumido; então, a cernelha mais leve é engordada, encurtando o período de recria.
Isso exige ajustes no manejo alimentar do TIP “Quando os animais entram no sistema com 350 a 360 kg, por exemplo, já é possível pensar em usar uma ração de crescimento antes terminação”, explica Moretti.
Segundo ele, com a “drenagem” dos animais de engorda gerados pelo TIP, o caminho natural da pecuária moderna é também intensificar a criação, que será abordada na segunda edição deste projeto, prevista para 2020.
“Uma coisa leva a outro. Já estamos vendo a intensificação da criação em fazendas que adotam o TIP. (terminação pastoreio intensivo). É um círculo virtuoso, capaz de mudar definitivamente o perfil da pecuária brasileira, tornando-a mais eficiente e rentável”, afirma o técnico.
Autora: Maristela Franco, editora-chefe da Revista DBO.
Nutrição Animal – Agroceres Multimix