O recorrente ciclo de baixa da pecuária de corte exige sempre uma série de medidas muito austeras na fazenda.
Em casos de modelo planejado e bom manejo, a proteção da margem de lucro pode ser a chave para evitar o abate desnecessário de fêmeas em reprodução ou a redução da produção, no caso de matrizes e confinamentos.
Marco Gambale, zootecnista e consultor pecuário, defende que tudo deve girar em torno da proteção dessa margem. É cuidando dela que o produtor sobreviverá a esse momento difícil.
O técnico destaca a oportunidade devido à queda no preço dos grãos, além de outros insumos e animais de reposição. Vale a pena ficar atento aos temas mais relevantes.
OUÇA 🎧 os comentários de Marco Gambale
1. Custos e despesas fixos
Muitas vezes são eles que roubam aquela tão desejada margem do negócio. Verifique, por exemplo, se não há funcionários acima do necessário na fazenda – a folha de pagamento não deve ultrapassar 10% do faturamento total – ou se aquela manutenção de cerca que a deixa bem “pintada de branco” o ano todo não está elevando os custos .
2. Concentre-se na produtividade ao invés da produção
Produtividade é produzir de forma lucrativa e eficiente; a produção, por outro lado, está olhando apenas para o volume do que é produzido. Você pode criar 80 animais por hectare, mas qual é o custo dessa operação? Lembre-se de que produzir mais pode “matar” a margem do negócio.
3. Revise e selecione seus investimentos
Em tempos de crise, deve-se priorizar apenas os investimentos produtivos, justamente aqueles que vão interferir diretamente na produção. Se o produto da fazenda está pagando menos, é preciso produzir mais.
No ano passado, o custo médio de produção da arroba em confinamento foi de R$ 240; em 2023, é de R$ 200. Os custos caíram. Então, se o pecuarista produzir mais, mesmo com a arroba na terra, a atividade ficará mais lucrativa. Mas não se esqueça do item 3.
4. Conheça e entenda os números da sua fazenda
Eles mostram a direção do seu negócio de gado. São eles que subsidiam suas ações dentro da fazenda para garantir a saúde financeira. É preciso monitorar tudo e fechar as torneiras abertas, desnecessariamente. Sabendo quanto custa a operação, você consegue ver a margem; ou seja, quanto restará na caixa.
5. Concentre-se no seu pasto
A oferta de boas pastagens, portanto a forragem tomada como cultura, até mesmo no manejo, é o que vai garantir uma boa margem no negócio. E não adianta pensar apenas na quantidade de grama. Sua qualidade interfere na suplementação, por exemplo, no período seco.
6. Atenção para a criação
É ela quem vai retirar qualquer prêmio pago ao longo do processo. Se você teve um substituto “caro”, as coisas vão se equilibrar na parte traseira. Na terminação em confinamento, o custo da arroba fica em torno de R$ 200, mas no pasto cai para R$ 120. Assim, uma boa gestão da operação nesta fase é fundamental para a tão necessária proteção das margens.
