O látex, borracha natural extraída do caule da seringueira, é matéria-prima para inúmeros produtos essenciais. Entenda como a indústria nacional do látex chegou a dominar o mundo, mas acabou perdendo o protagonismo.
Qual é a seringa?
A seringueira é uma árvore nativa da floresta amazônica, presente naturalmente em países que abrigam esse ecossistema. A planta é conhecida e apelidada por seu principal produto, o látex, que é retirado de seu caule. É matéria-prima para uma série de mercadorias como borracha, pneus, luvas e outros materiais cirúrgicos e muito mais.
Existem 11 espécies de seringueira, todas naturais da bacia do rio Amazonas, mas a Hevea brasiliensis é a mais procurada e reproduzida devido à qualidade superior de seu látex.
Para que serve a seringa?
A seringueira é uma planta milenar conhecida dos índios brasileiros. Antes da colonização, a planta já era valorizada, e seu fruto possui uma semente rica em nutrientes. Fazer cortes no caule, chamados de bater na seringueira, expõe o látex, substância que era usada pelos índios para fazer bolas de borracha para fins recreativos.
Mais tarde, descobriu-se que a semente rica em óleos naturais também poderia ser utilizada para a fabricação de tintas, resinas e vernizes.
Com a colonização, a borracha natural feita de látex passou a ser utilizada na fabricação de calçados. A partir do século 18, o produto passou a ser utilizado também como apagador de grafite em ambientes escolares e de escritório.
O momento de grande transformação na importância da seringueira foi no século 19, quando o cientista Charles Goodyear desenvolveu a técnica de vulcanização. O processo aumentou a resistência e a elasticidade da borracha natural e possibilitou multiplicar as finalidades para as quais era utilizada.
Em 1888, John Dunlop criou os pneus como os conhecemos hoje, e a indústria da borracha tornou-se fundamental para o mundo. A popularização dos carros não seria possível sem o produto, que foi retirado exclusivamente da região amazônica.
Leia também:
Onde é mais comumente cultivada?
A seringueira era exclusiva da flora amazônica e, quando a demanda mundial pelo produto cresceu, a região experimentou um enorme desenvolvimento populacional e econômico. Cidades como Belém e Manaus viram sua população se multiplicar em poucos anos e tiveram obras suntuosas, como o Teatro Amazonas, financiado com dinheiro da exploração do látex.
Entre 1830 e 1880, a população de Manaus passou de 3 mil habitantes para 50 mil habitantes. O Estado do Acre também ganhou importância no cenário nacional, inclusive com batalhas para sua anexação ao território brasileiro, graças ao interesse pelo produto.
Na década de 1870, os ingleses coletaram sementes de seringueira e as levaram para a Inglaterra a fim de produzir plantas adaptadas a outras regiões. Eles conseguiram adaptá-lo aos climas tropicais e subtropicais da Malásia, Ceilão e Cingapura.
Com o tempo, o sucesso das plantações no Sudeste Asiático e na África Ocidental levou a uma queda nas exportações de produtos amazônicos. A situação mudou apenas durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Japão dominou vários territórios produtores de borracha natural. Com a necessidade de os países aliados obterem o produto, iniciou-se um novo ciclo da borracha na Amazônia. Com o fim da guerra, a demanda voltou a cair.
Atualmente, os maiores produtores de borracha natural são os países asiáticos. O Brasil produz cerca de 35% do total de produtos que utiliza, importando o restante.
Qual a importância para a região em que é mais encontrada?
As seringueiras são encontradas em todos os estados da região amazônica e em outros. Atualmente, o maior produtor de látex é o estado de São Paulo, e isso se deve à produção no noroeste do estado, na região de São José do Rio Preto.
Apesar da importância cada vez menor da seringueira amazônica para o mundo, muitos pequenos produtores rurais vivem da extração tradicional do produto. As árvores têm um ciclo produtivo de 25 a 30 anos e são importantes para a economia de diversas regiões.
Terminado o ciclo produtivo da seringueira, as árvores apresentam tronco com circunferência média de 110 centímetros, e sua madeira é utilizada para a fabricação de móveis e diversos outros produtos. O óleo da semente é amplamente utilizado pela indústria, sendo que na Ásia já é utilizado como substituto do óleo de linhaça.
A torta obtida com a extração do óleo da semente da seringueira pode ser utilizada na alimentação de animais, e os seringais também podem ser utilizados como pontos de introdução de colmeias para a produção de mel.
Assim, as áreas de seringais têm diversos usos para pequenos produtores. O látex também está recuperando valor por ser menos prejudicial ao meio ambiente do que outros métodos de produção de borracha, além de fornecer produtos finais superiores.
Fonte: Embrapa, Instituto Agronômico – Estado de São Paulo, Centro Internacional de Pesquisas Florestais, CropLife Brasil
Esse conteúdo foi útil para você?
2354600verificação de cookiesSeringueira: para que serve esta planta?