A maioria dos seres vivos tem seus próprios código de identificação genética, seu DNA, e é isso que torna um indivíduo único. O código genético é herdado pela mãe e metade pelo pai – o que também permite identificar os pais do indivíduo a partir do teste de paternidade. Com equino não é diferente. É o teste de paternidade que permite ao criador, um controle efetivo da genealogia de sua criaçãopodendo monitorar os animais nascidos em seu rebanho, bem como garantir a biossegurança de suas transações comerciais.
Durante a realização de teste de paternidade do seu equino, você recebe o laudo do exame, ou seja, o laudo, e com ele você faz o cadastro do animal. Porém, por trás desse documento repleto de letras e siglas com resultado de inclusão ou exclusão do vínculo genético, existe um dos técnicas mais bem fundamentadas de Biologia Molecular sendo aplicado para melhorar o seu plantel.
Vamos entender como isso acontece?
O laboratório recebe amostra de cabelo que foi recolhido pelo inspector veterinário, procedendo-se inicialmente à triagem deste material. Em seguida, ele verifica se esses cabelos contêm bulbos suficientes para que o DNA seja extraído deles.
Uma observação: diferente do que muitas séries de CSI mostram na televisão, extrair material genético de fios de cabelo ou pêlo uma quantidade razoável deste material é necessáriae que contém bulbos que são o que popularmente chamamos de raiz do cabelo ou pelo.
Após triagem e identificação pelo laboratório, o material é encaminhado para extração de DNA. Nesta etapa, o rompimento das células do bulbo para que o DNA, que fica armazenado no núcleo dessas células, fique exposto, já que é esse o material que precisamos para fazer a análise.
Diferentes métodos para extração de DNA
É importante enfatizar que cada laboratório pode usar métodos diferentes para realizar esta técnicapois existem várias formas de extração de DNA, às vezes até automatizadas.
Preparar! Agora com o DNA do seu cavalo extraído, é hora do A técnica PCR-Multiplex entra em ação. Parece complexo, certo? Mas, na verdade, essa técnica é muito utilizada no dia a dia dos laboratórios de biologia molecular.
Após o PCR-Multiplex, a amostra segue para um sequenciador genético e é nesta etapa que iremos identificar o perfil genético do seu cavalo. Aqui, encontraremos as 17 regiões microssatélites, ou seja, as Short Tandem Repeats (STR).
O que são STRs?
STR são regiões de DNA com alta taxa de mutação e altamente polimórficas, ou seja, são regiões que se tornam bons marcadores para diferenciar indivíduos, mesmo da mesma espécie. Essas regiões serão descritas no relatório do teste como locus.
As 17 regiões de microssatélites definidas para cavalos foram escolhidas em consenso por membros da Sociedade Internacional de Genética Animal (ISAG) para que uma padronização capaz de distinguir cada indivíduo da espécie equina pudesse estar presente em todo o mundo.
Distinguindo os alelos presentes nas 17 regiões, o sequenciador vai gerar um gráfico, um eletroferograma, que será analisado pela equipe técnica do laboratório, quando, dessa forma, será definido o perfil genético do cavalo. Os 17 loci serão preenchidos por letras que representam os alelos doados – um para a mãe e outro para o pai.
Agora, é possível proceder à análise do vínculo genético e dizer se os pais indicados são realmente os pais do indivíduo. Todas as 17 regiões ou locus do STR serão comparadas entre a criança e os pais – iIsso é chamado de análise trio.
ligação genética
Seguindo a imagem, podemos ver que existe uma comparação se o indivíduo carrega um alelo que veio da mãe indicada e outro do pai indicado. Se todos os loci comparados confirmarem esta doação, o resultado será qualificao que significa que o vínculo genético é estabelecido entre os animais.
Caso alguma região STR informe um alelo que não seja caracterizado como doado por algum dos genitores indicados, o analista procederá a análises adicionais de painel, ou seja, outras regiões do STR serão analisadas – no caso dos cavalos, essas regiões são chamadas de TKY.
Se essas análises também não conseguirem incluir o vínculo genético, o analista pode avaliar se o problema envolve mutações que podem estar frequentemente presentes no código genético. Se ambas as hipóteses forem descartadas, o resultado da análise será não se qualificaquando não há ligação genética estabelecida entre os indivíduos analisados.
No caso de não habilitação de um dos pais, é possível indicar outros animais para que novas análises sejam realizadas pela equipe do laboratório, e, assim, seja encontrado o animal do rebanho que é pai ou mãe do indivíduo analisado.
Observa-se que muitos criadores não possuem os resultados de seus animaisdeixar essas informações apenas no banco de dados com a associação à qual a raça pertence – o que pode causar alguns transtornos quando há a necessidade de verificar a genealogia do criadouro para avaliar o vínculo genético que não envolve o laboratório.
Base de dados
Recomenda-se que os relatórios dos testes sejam armazenados em um banco de dados sob os cuidados do criador.. Isso porque havendo dúvidas sobre a genealogia de algum animal, é possível que um profissional habilitado de posse desses laudos indique qual deles – mais provável – pode ser o pai ou a mãe do indivíduo em questão e sem a necessidade para posterior análise laboratorial. Além disso, é possível que não seja necessário esperar por períodos muito longos para que os relatórios sejam disponibilizados pela associação da raça.
O arquivo destes relatórios permite não só garantir a genealogia do rebanho, mas também a futuras análises de melhoramento genético ajudando a fortalecer as características genéticas da criação de equinos.
Mas vamos falar sobre melhoramento genético em nosso próximo artigo. Vem com a Cavalus!
Fotos: Arquivo
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