No início desta semana (a partir de 7/11), o mercado paulista do boi gordo – principal referência para as demais praças brasileiras – abriu o dia ofertando valores menores pela arroba.
Porém, o “jogo virou” a partir da quinta-feira (10/11), observa nesta sexta-feira a engenheira agrônoma Jéssica Olivier, analista de mercado da Scot Consultoria.
“As escalas de abate encurtaram, os vendedores sumiram e a ponta compradora retornou aos patamares da semana passada”, relata.
Assim, a referência do boi destinado ao mercado interno (sem prêmio-exportação) está em R$ 275/@ em São Paulo, valor bruto, no prazo.
“Com os atuais preços pagos pela arroba e as cotações de venda da carne com osso, a margem da indústria frigorífica está boa”, destaca Jéssica.
No acumulado deste mês, a média bruta da arroba é de R$ 274,40 no mercado paulista, enquanto, no mesmo período, o Equivalente Físico está em R$288,20, compara a analista, que explica: “O Equivalente Físico consiste na remuneração obtida com a venda de traseiro, dianteiro e ponta de agulha no atacado, que, nesta semana, tiveram aumentos expressivos, impactando no preço da carcaça casada”.
Após os manifestos pós-Eleições, as vendas de carne bovina no mercado interno fluíram com a demanda maior.
“Para o final deste ano, a toada que o mercado está tomando é de melhora no escoamento de carne bovina, o que deverá impactar o mercado do boi”, prevê Jéssica.
Segundo ela, vendendo mais carne e afinando os estoques, a demanda pela matéria-prima (boi gordo) poderá ser maior, levando as indústrias a pagaram mais pela arroba.
“A expectativa aponta para uma redução na oferta de gado confinado a partir de dezembro/22, o que, somado ao contexto no mercado de carne bovina, poderá trazer novos ares ao mercado do boi gordo”, ressalta.
Em linha com as observações da analista da Scot, a consultoria IHS Markit diz que o preço da arroba bovina deu, ao longo desta semana, os primeiros sinais de recuperação em meio ao aperto nas escalas de abate das indústrias frigoríficas.
“O mercado físico do boi gordo encerrou a semana num ambiente de preços aparentemente mais firmes”, observa a IHS.
Embora os registros de alta na arroba tenham sido pontuais, o cenário parece sinalizar um tom de reação para o curtíssimo prazo, enfatiza a consultoria.
“Entre as principais praças pecuárias do País, cresce o número de unidades frigoríficas sinalizando aperto em suas escalas de abate, tendo que mudar a estratégia e ir às compras de gado gordo para garantir compromissos mais urgentes”, relata a IHS.
Neste contexto, foi possível capturar ocorrência de novos negócios a preços mais altos.
Entre as principais praças pecuárias, destaque para altas da arroba nos Estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e Tocantins (veja ao final deste texto as cotações do boi e da vaca nas regiões brasileiras).
Nos Estados citados acima, as escalas de abate encurtaram e passam a atender menos de quatro dias, em média, calcula a IHS.
Nessas regiões, diz a consultoria, a presença compradora mais ativa ainda envolve as indústrias frigoríficas de pequeno e médio portes, mas exportadoras começam a marcar presença.
No Mato Grosso do Sul, por exemplo, o preço do animal terminado foi puxado por negócios envolvendo o boi-Europa, com valor de R$ 270/@ (bruto, no prazo de até 10 dias para pagar), informa a IHS.
Na praça de Tocantins, havia unidades de abate que estavam com escala formada para dois dias, o que reforçou a necessidade de compra de boiadas gordas, permitindo o aumento dos negócios.
Nas demais regiões brasileiras, relata a IHS, a estabilidade nos preços da arroba prevaleceu, refletindo um cenário de muita morosidade de negócios, com as indústrias frigorificas se valendo de lotes de boiada negociadas a termo (vendas antecipadas) em suas programações de abate.
No Estado de São Paulo, observa a IHS, boa parte das unidades de abate opera com boiada gorda oriunda de boiteis e/ou de parceria com grandes confinamentos.
Dados de abate – Em relação ao abate de bovinos no Brasil, o IBGE trouxe dados preliminares de sua pesquisa trimestral, que confirmam o crescimento neste ano frente a 2021.
No 3º trimestre de 2022, as indústrias frigorificas brasileiras abateram 7,81 milhões de bovinos, 11,2% acima do número observado em igual período de 2021.
No acumulado de janeiro a setembro de 2022, foram abatidos 22,17 milhões de bovinos, crescimento de 6,5% frente a período análogo de 2021.
Em relação à produção de carne bovina no período de janeiro a setembro de 2022, o volume de 5,91 milhões de toneladas equivalente carcaça representa um crescimento de 6,9% frente a igual período de 2021.
Desse volume, cerca de um terço foi direcionado ao mercado externo, que cresceu mais de 15% no período.
“Com base nos números de abate de bovinos do IBGE, o consumo interno per capita em 2021 foi de 26,3 kg/hab./ano, subtraindo as exportações da produção total”, relata a IHS Markit.
Para 2022, apesar dos desafios econômicos, o País deve finalizar o período com crescimento tímido de 2%, com algo em torno de 27 kg/hab./ano, informa a IHS, em seu boletim.
“Tal fator mostra o importante papel da exportação no escoamento da produção, já que o consumo interno de carne bovina ainda se recupera”, afirma a IHS.
Cotações máximas de machos e fêmeas nesta sexta-feira, 11/11
(Fonte: IHS Markit)
SP-Noroeste:
boi a R$ 278/@ (prazo)
vaca a R$ 263/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 266/@ (à vista)
vaca a R$ 246/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 261/@ (prazo)
vaca a R$ 243/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 261/@ (prazo)
vaca a R$ 243/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 243/@ (prazo)
vaca a R$ 231/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 243/@ (prazo)
vaca a R$ 231/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 241/@ (prazo)
vaca a R$ 228/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 244/@ (à vista)
vaca a R$ 230/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 240/@ (à vista)
vaca a R$ 230/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 261/@ (prazo)
vaca R$ 246/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 261/@ (prazo)
vaca a R$ 243/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 276/@ (à vista)
vaca a R$ 261/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 273/@ (prazo)
vaca a R$ 248/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 266/@ (prazo)
vaca a R$ 256/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 269/@ (à vista)
vaca a R$ 259/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 267/@ (à vista)
vaca a R$ 248/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 267/@ (à vista)
vaca a R$ 248/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 248/@ (prazo)
vaca a R$ 241/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 243/@ (prazo)
vaca a R$ 234/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 259/@ (prazo)
vaca a R$ 251/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 266/@ (prazo)
vaca a R$ 256/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 261/@ (à vista)
vaca a R$ 251/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 239/@ (à vista)
vaca a R$ 226/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 276/@ (prazo)
vaca a R$ 258/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 258/@ (à vista)
vaca a R$ 241/@ (à vista)