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Viabilidade econômica do Creep-feeding

 

Viabilidade econômica do creep-feeding e restrição de consumo do concentrado com sal

A fase de cria do bezerro, que gira em torno de 210 dias, pode influir de maneira circunstancial no bom desenvolvimento pós-desmama do mesmo. Nesta fase, alguns fatores, como a boa alimentação da mãe e, consequentemente, a boa produção de leite, exercem papel importante no bom desenvolvimento dos bezerros. O uso de creep-feeding para suplementação dos bezerros é uma estratégia que auxilia de maneira efetiva o crescimento e desenvolvimento progressivo do animal. Em outros radares já foram discutidos os benefícios do uso estratégico de creep-feeding para suplementação de bezerros, como maior peso a desmama, diminuição na idade ao abate, e melhoria na eficiência reprodutiva das vacas.
 
No entanto, devemos considerar os custos envolvidos no ganho de peso corporal adicional, que envolvem as instalações (cochos cobertos, cerca, etc.) e a alimentação, que deve ser constituída preferencialmente de alimentos mais nobres (farelo de soja, milho, farelo de trigo, etc). As instalações podem ser feitas de maneira simples, visando baratear os custos, e o concentrado pode ter seu consumo limitado, já que deve ser apenas um complemento da qualidade da pastagem.
 
Neste contexto, Sampaio et al. (2002) realizaram trabalho na Embrapa-São Carlos onde o objetivo principal foi avaliar o desempenho de bezerros de corte lactentes suplementados ou não em creep-feeding. Foram usados dois níveis de cloreto de sódio com o objetivo de limitar o consumo de concentrado. Os autores avaliaram também a viabilidade econômica das estratégias de suplementação.
O trabalho foi realizado durante o período das águas, e as vacas e os bezerros permaneceram em pastagens de Brachiaria brizantha, em sistema rotacionado de pastejo. Foram usados no total 32 bezerros da raça Canchim, divididos em três lotes: controle, concentrado com 5% de cloreto de sódio (71% de milho moído, 15% f. soja, 9% f. algodão, 5% sal) e concentrado com 10 % de cloreto de sódio (67% de milho moído, 20% f. soja, 3% f. algodão, 10% sal). Aos 120 dias de idade iniciou-se a suplementação dos bezerros, que apresentavam peso médio aproximado de 135 kg. Antes do início do trabalho os animais passaram por um período de adaptação à ração e ao creep por dez dias, onde recebiam cerca de 50g/animal/dia de fubá. O período experimental foi de 90 dias.
 
Os consumos médios dos suplementos foram de 0,72 e de 0,47 kg/animal/dia (0,43 e 0,26% do peso vivo), para os concentrados com 5 e 10% de sal, respectivamente. O consumo de concentrado aumentou com ao aumento do peso (idade) dos animais, sendo que o efeito do sal como limitador de consumo ficou evidente após os primeiros 30 dias do período de suplementação (tabela 1). 
O aumento do consumo pode ter sido devido principalmente pelo aumento de peso dos bezerros, além da provável diminuição da produção de leite das vacas (fase descendente da curva de lactação). Segundo os autores, a relação média entre os consumos dos suplementos com 5% e 10% manteve-se na ordem de 1,5:1, após os primeiros 30 dias.
Tabela 1: Consumo médio do suplemento
creep1
Na tabela 2, observa-se que os animais que receberam a suplementação em creep-feeding apresentaram maior ganho total e diário em relação aos animais do grupo controle. A pouca diferença no peso final entre os animais dos tratamentos controle e com 5 % de sal no concentrado foi devido, provavelmente, às diferenças no peso inicial, sendo que os animais controle estavam mais pesados ao início do trabalho.
 
Tabela 2: Desempenho de bezerros suplementados em creep-feeding com dois níveis de sal na ração
creep2
O ganho médio diário dos animais do tratamento com 5% de sal foi semelhante estatisticamente ao do tratamento controle, que, por sua vez, foi inferior ao tratamento com 10% de sal. Teoricamente esperara-se maior desempenho dos animais do tratamento com 5% de sal, devido ao maior consumo da ração e à maior energia disponível da mesma, porém, com base nos resultados 
 
observados e na discussão dos autores, o ganho não foi maior, provavelmente em função da substituição do leite materno e da forragem pelo concentrado. Devemos ressaltar que nesta fase, lactente, o alimento mais adequado para suprir a maior parte das exigências do bezerro é o leite materno. A inclusão do concentrado deve ser feita como complemento da pastagem para que as exigências energéticas do animal sejam supridas para que o seu potencial genético seja explorado, ou melhor, que a capacidade de crescimento do animal seja explorada ao máximo.
 
A avaliação dos autores da viabilidade econômica do creep-feeding com os dois níveis de ingestão de alimento é apresentada na Tabela 3. A análise foi feita com base no diferencial necessário no desempenho (Kg/animal ou %PV) dos bezerros tratados em creep em relação aos animais controle, para uma determinada rentabilidade pretendida:
 
a) rentabilidade zero: o ganho adicional só serviria para cobrir o custo da ração;
b) 0,6% de rentabilidade: equivalente a caderneta de poupança;
c) 1,2% de rentabilidade: obtido em fundos de renda fixa;
d) 6% de rentabilidade: remuneração média de um confinamento em anos propícios à atividade, segundo os autores.
 
Tabela 3: Viabilidade econômica da suplementação em creep-feeding
creep3
1Dados utilizados pelos autores: milho R$8,5/saca, f.soja 45% R$380,00; f.algodão 38% R$ 330,00; @ bezerro R$ 40,00, e rendimento de carcaça 52%.
2Diferença no ganho de peso em relação ao controle para que se tenha a rentabilidade desejada.
 
Com base nos resultados acima, os autores relatam que a suplementação com creep-feeding com o consumo de concentrado limitado com de 10% de sal, foi economicamente o de maior viabilidade. O tratamento com maior consumo de suplemento necessitaria obter ganho adicional de no mínimo três quilos a mais do observado, para retorno da suplementação igual a zero.
 
Os autores concluem que o suplemento com 10% de sal, por limitar o consumo e propiciar maior ganho de peso, foi a alternativa de maior retorno produtivo e econômico como estratégia de suplementação de bezerros em creep-feeding. Os autores ainda lembram que o bom desempenho de bezerros em creep-feeding é também resultado da interação de uma série de outros fatores. Como exemplo, citam que bezerros filhos de vacas boas produtoras de leite e em pastagens em boas condições, portanto bezerros bem nutridos, raramente apresentam acréscimos nos ganhos, pois já estão com ganhos próximos ao seu potencial genético de crescimento.

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